Foi sempre para ele da
maior importância, disse Aurch de passagem uma vez, que nada mudasse
no seu local de trabalho, que tudo ficasse como antes, como ele tinha
posto, como estava em dado momento, e que nada fosse acrescentado
exceto os detritos resultantes do seu labor e o pó que pousa sem
cessar, de que, viera ele lentamente a perceber, gostava mais do que
tudo no mundo. O pó, disse ele, está para ele mais próximo do que
a luz, o ar ou a água. Nada lhe era mais insuportável do que uma
casa a que se limpa o pó e em nenhum lugar se sentia tão bem como
ali, onde as coisas estão sossegadas no sítio em que devem estar
sob a escória negra e aveludada que se deposita quando a matéria,
hausto a hausto, se dissolve em nada.
W. G. Sebald, Os Emigrantes
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