Quando
chegou a vez de Stravinsky, trinta e quatro anos mais tarde, o corpo
foi levado de avião de Nova Iorque para Roma, e depois de Carro para
Veneza, onde havia cartazes pretos e roxos afixados em todo o lado: A
CIDADE DE VENEZA PRESTA HOMENAGEM AOS RESTOS MORTAIS DO GRANDE MÚSICO
IGOR STRAVINSKY, QUE, NUM GESTO DE PRECIOSA AMIZADE, PEDIU PARA SER
ENTERRADO NA CIDADE QUE AMOU ACIMA DE TODAS AS OUTRAS. O
arquimandrita de Veneza dirigiu a cerimónia grega ortodoxa na
Basílica de São João e São Paulo, depois o caixão foi
transportado até à estátua de Colleoni e seguiu para um barco
fúnebre movido a remos por quatro gondoleiros, rumo ao cemitério da
ilha de San Michele. Aí, o arquimandrita e a viúva de Stravinsky
deitaram terra sobre o caixão, quando ele baixou à sepultura.
Francis Steegmuller, o grande estudioso de Flaubert, seguiu os
eventos do dia. Disse que, quando o cortejo saiu da basílica para o
canal, com os Venezianos debruçados em todas as janelas, a cena se
assemelhou a «um dos cortejos sumptuosos de Carpaccio». Mais, muito
mais do que protocolo.
Julian Barnes, Nada a Temer
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