Basta ver como
Camilo usava a língua portuguesa para ficarmos informados sobre a
sua vontade de poder, de conquistar a atenção, a fama e alma da
Praça. Isso acontece com o espírito que é ávido porque é
extremamente sobrecarregado de talentos. Aconteceu com Shakespeare,
por exemplo. A maneira como dispõe as frases, como escolhe e
arremessa as palavras tem muito duma estratégia guerreira. Utiliza o
alfabeto como balas e os versos como trincheiras. Julieta fala um tom
acima da sua estatura feminina; Hamlet fala para a posteridade e não
para a sua pequena corte de intrigantes. Camilo quando mobiliza as
paixões dos Brocas, sabe que aquilo não é real, é apenas uma
ofensiva contra a mediocridade e a satisfação do meio-termo.
Agustina Bessa-Luís, Fanny Owen
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