terça-feira, 6 de janeiro de 2009

"Uma obra de arte é o produto singular de um temperamento singular. A sua beleza advém do facto de o seu autor ser quem é e em caso algum daquilo que os outros querem. Para dizer a verdade, desde que um artista tome consciência do que os outros desejam e se empenhe em satisfazê-los, deixa de ser um artista. Torna-se um artesão, desenxabido ou divertido, um comerciante honesto ou desonesto (...). A arte é a mais intensa expressão do individualismo que o mundo já conheceu e tenderia mesmo a dizer que é a única. (...) Ora, é justamente porque a arte é uma forma intensa de individualismo que o povo tenta exercer sobre ela uma autoridade tão ridícula quão imoral, tão corrupta quão desprezível. Ele não é, aliás, inteiramente responsável por isso. O povo sempre foi mal educado. Continuamente exige que a arte seja popular, que vá ao encontro dos seus gostos, que lisonjeie a sua absurda vaidade, que lhe diga o que já antes lhe tinha sido dito, que lhe mostre o que já deveria estar cansado de ver, que o divirta quando se sente enfastiado por ter comido em demasia, e que distraia o seu espírito quando está lasso da sua própria estupidez. A arte nunca deve procurar ser popular; cabe ao público tornar-se um artista."
Oscar Wilde, A Alma Humana

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