sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

"(...) uma pessoa não é, como eu supunha, clara e imóvel diante de nós com as suas qualidades, os seus defeitos, os seus projectos, as suas intenções a nosso respeito (tal como um jardim que contemplamos, com os seus canteiros todos, através de uma grade), mas sim uma sombra onde jamais poderemos penetrar, para a qual não existe conhecimento directo e a cujo respeito formamos muitas crenças com o auxílio de palavras e até de acções, as quais nos fornecem apenas informações insuficientes e, de resto, contraditórias, uma sombra onde podemos alternadamente imaginar, com a mesma verosimilhança, que brilham o ódio e o amor."
Marcel Proust, Em Busca do Tempo Perdido (III - O Lado de Guermantes)

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