sábado, 8 de janeiro de 2011

"A bruma desaparecera. O dia cinzento, caindo como uma chuva fina, tecia incessantemente transparentes redes nas quais os transeuntes dominicais pareciam de prata. Tinha atirado para os pés Le Figaro que todos os dias mandava conscienciosamente comprar, desde que enviara um artigo que não fora publicado; apesar da ausência de sol, a intensidade da luz indicava-me que ainda estávamos apenas a meio da tarde. As cortinas de tule da janela, vaporosas e friáveis como o não seriam com bom tempo, tinham o mesmo misto de suavidade e de fragilidade das asas das libélulas e dos vidros de Veneza."
Marcel Proust, Em Busca do Tempo Perdido (III - O Lado de Guermantes)

Sem comentários:

Enviar um comentário