terça-feira, 31 de maio de 2011

E por vezes a leitura de um romance um pouco triste reconduzia-me bruscamente para trás, pois certos romances são como que grandes lutos momentâneos, abolem o hábito, põem-nos novamente em contacto com a realidade da vida, mas apenas por algumas horas, como um pesadelo, pois as forças do hábito, o esquecimento que produzem, a alegria que restituem devido à incapacidade do cérebro em lutar com elas e recriar o verdadeiro, são infinitamente superiores à sugestão quase hipnótica de um belo livro, a qual, como todas as sugestões, tem efeitos muito curtos.
Marcel Proust, Em Busca do Tempo Perdido (VI - A Fugitiva)

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