A casa de férias
O senhor Valéry tinha uma
casa sem volume onde passava férias. A porta e uma fachada eram as
únicas coisas que existiam.
- Nos 2 sentidos se pode
entrar e sair - dizia o senhor Valéry, todo contente.
Ele gostava da sua casa de
férias.
Melhor só mesmo uma casa
com quatro portas, em quadrado, sem nenhuma parede.
o centro a restar como o
único sítio onde se pode estar sentado.
O senhor Valéry fez um
desenho
- Entra-se por qualquer
lado e é sempre igual. É esta a casa de férias que eu quero -
dizia o senhor Valéry.
- Evitarei perder-me em
compartimentos - dizia. Só existirão portas. É que só consigo
repousar se não tiver que decidir nada, e para que isso aconteça é
indispensável não existirem opções. Parece-me lógico.
- É um sonho que eu
tenho, esta casa - murmurava o senhor Valéry. - Seriam as férias
perfeitas.
Gonçalo M. Tavares, O Senhor Valéry
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