quarta-feira, 17 de outubro de 2012


A casa de férias

O senhor Valéry tinha uma casa sem volume onde passava férias. A porta e uma fachada eram as únicas coisas que existiam.


- Nos 2 sentidos se pode entrar e sair - dizia o senhor Valéry, todo contente.

Ele gostava da sua casa de férias.

Melhor só mesmo uma casa com quatro portas, em quadrado, sem nenhuma parede.

o centro a restar como o único sítio onde se pode estar sentado.

O senhor Valéry fez um desenho


- Entra-se por qualquer lado e é sempre igual. É esta a casa de férias que eu quero - dizia o senhor Valéry.

- Evitarei perder-me em compartimentos - dizia. Só existirão portas. É que só consigo repousar se não tiver que decidir nada, e para que isso aconteça é indispensável não existirem opções. Parece-me lógico.

- É um sonho que eu tenho, esta casa - murmurava o senhor Valéry. - Seriam as férias perfeitas. 

Gonçalo M. Tavares, O Senhor Valéry

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