«Telefonei para a casa
grande, mas eles tinham saído; um pouco aliviado dirigi-me ao Café
Al Aktar na esperança de encontrar alguns conhecidos. Só lá estava
o inefável Darley. Gosto muito dele. Aprecio nomeadamente a sua
maneira de sentar-se sobre as mãos, muito excitado, quando se lança
desvairadamente numa discussão artística, coisa infalível se me
apanha desprevenido - sei lá porquê? Respondo-lhe o melhor que
posso enquanto vou sorvendo o meu arak. Mas esse género de
debate arrasa-me. A arte é coisa que não existe para o artista, da
mesma forma que não existe para o público; é uma noção que só
tem sentido para os críticos. O artista e o público contentam-se
com registar, como um sismógrafo, uma carga eletromagnética que não
se pode racionalizar. Tudo o que se sabe é que se produz uma vaga
transmissão, verdadeira ou falsa, com ou sem resultado, segundo o
caso. Mas pretender analisá-la, não conduz a nada. (E suspeito que
este conceito de arte é comum a todos os que se sentem capazes de se
lhe abandonar!) Paradoxo. Enfim, adiante.
Lawrence Durrel, O Quarteto de Alexandria. Mountolive
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