segunda-feira, 17 de março de 2014

«Todos os homens reclamam a paz - dizia Antoine consigo mesmo, pensando na frase de Jenny. - Será verdade?.. Eles reclamam-na logo que ela está comprometida... Mas a intolerância recíproca dos homens, o seu instinto combativo, tornam-na precária quando a conseguem ... Lançar sobre os governos e a política a responsabilidade das guerras, naturalmente! Mas não esquecer, nessa responsabilidade, a parte que cabe à natureza humana ... Na base de todo o pacifismo há este postulado: a crença no progresso moral do homem. Esta crença, tenho-a - ou melhor: tenho sentimentalmente necessidade de a ter: não me posso resolver a pensar que a consciência humana não seja infinitamente aperfeiçoável! Tenho necessidade de acreditar que, um dia, a Humanidade saberá estabelecer a ordem e a fraternidade no planeta... Mas para realizar essa revolução não será bastante a vontade nem o martírio de alguns sábios: serão precisos séculos de evolução; milénios, talvez... (Que se pode esperar de verdadeiramente grande de um homem do século XX?... ) E então, por mais que me empenhe, não consigo encontrar, em tão longínqua perspectiva, com que me consolar de ter de viver entre a fauna voraz do mundo actual... »
R. Martin du Gard, Os Thibault 

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