quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Foi sempre para ele da maior importância, disse Aurch de passagem uma vez, que nada mudasse no seu local de trabalho, que tudo ficasse como antes, como ele tinha posto, como estava em dado momento, e que nada fosse acrescentado exceto os detritos resultantes do seu labor e o pó que pousa sem cessar, de que, viera ele lentamente a perceber, gostava mais do que tudo no mundo. O pó, disse ele, está para ele mais próximo do que a luz, o ar ou a água. Nada lhe era mais insuportável do que uma casa a que se limpa o pó e em nenhum lugar se sentia tão bem como ali, onde as coisas estão sossegadas no sítio em que devem estar sob a escória negra e aveludada que se deposita quando a matéria, hausto a hausto, se dissolve em nada.
W. G. Sebald, Os Emigrantes

Sem comentários:

Enviar um comentário